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Reportagens desenvolvidas pelos estudantes do curso de Jornalismo da UCDB.





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sábado, 2 de outubro de 2010

Eleição é coisa séria!



Pense nisso!

Por Elverson Cardozo e Renan Gonzaga

Clima de eleição esquenta discussões sobre política no estado



No domingo, 3 de outubro, das 8h às 17h ocorrerá o primeiro turno das eleições 2010. Além do presidente da República, serão eleitos governadores de estado, senadores, deputados federais, deputados estaduais e distritais. O segundo turno, se houver, ocorrerá no dia 31 de outubro também das 8h às 17h, para os candidatos a presidente e governador que não obtiverem a maioria absoluta dos votos. De acordo as informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), divulgadas em sua página na internet, o número de eleitores este ano já superam os 130 milhões, um crescimento de aproximadamente 8% em relação a última eleição, em 2006. Mato Grosso do Sul ocupa pouco mais de 1% dessa fatia, com 1.702.511 (um milhão, setecentos e dois mil, quinhentos e onze) eleitores em todo o estado; a maior parte com idade entre 25 e 34 anos.

O número deputados estaduais e federais para cada estado depende do número de habitantes. Na câmara federal todas as 513 cadeiras estarão na disputa, 08 delas já reservadas ao Mato Grosso do sul, onde serão disputadas por 74 candidatados. Nas assembléias legislativas de todos os estados (e na câmara legislativa do distrito federal), 1.059 assentos receberão novos deputados estaduais; aqui no estado 268 candidatos ao cargo já participam da disputa. No senado federal, 54 das 81 vagas também serão disputadas; em 2010 serão eleitos dois senadores por estado. Para representar Mato Grosso do Sul, 05 candidatos estão na disputa. Ao todo, o estado conta com 365 candidaturas, entre deferidos e indeferidos, (para todos os cargos contando com vices e suplentes) registradas no Tribunal Superior Eleitoral.

Para algumas pessoas quando o assunto é política, a conversa perde a graça; para outras a discussão é fundamental para fortalecer a democracia. Politizados ou não, a maioria dos Brasileiros sabem que 2010 é ano de eleição; época em que os candidatos “arregaçam as mangas” e trabalham duro para conquistar o eleitor e garantir um lugar nas esferas do poder. A estudante do ensino médio, Veridiane Cardoso Amorim de 19 anos e a aposentada Raquel de Campos da Silva, de 71 anos, não se interessam por política e dividem a mesma opinião sobre o tema.Para elas, os políticos só procuram a população quando querem se eleger e, nesta época, fazem promessas que, quando eleitos, não são cumpridas. Para Veridiane, pouco importa as propostas dos candidatos à eleição. “Vou votar naquele que menos me incomodar e não querer comprar meu voto, porque acho isso feio”, revela a estudante. Além disso, ela não acredita que o seu voto seja importante para mudar o futuro do país em que vive e nem melhorar a política. “Já desisti. Antes tinha uma juventude que lutava. Hoje, um ou dois lutam e o resto vota por beleza ou até mesmo vendem o voto”, diz.

Revolta

A jovem se diz indignada com o recente esquema de corrupção na segunda maior cidade do estado que foi desmantelado pela Polícia Federal na operação Uragano. De acordo com reportagem veiculada no dia 02 de setembro, no site de notícias Campo Grande News, o prefeito de Dourados, Ari Artuzi, todo o comando da prefeitura, donos de empreiteiras e advogados, junto com 9 dos 12 vereadores, são acusados de desvio de dinheiro público por meio de contratos fraudulentos, superfaturamento de produtos e serviços, acordo para compra de votos dos vereadores e a apoio ao prefeito Ari Artuzi. Os envolvidos são apontados como autores de crimes de corrupção ativa, fraude à licitação e formação de quadrilha. “Qualquer um que querer meu voto vai mentir mesmo. Você viu o que aconteceu em dourados? Pessoas assim jamais poderiam estar na política, mas daqui algum tempo eles se candidatam de novo e ganham novamente”, opina. Quando questionada sobre a função de cada uma dos cargos disputados na eleição deste ano, a estudante respondeu categoricamente “Deve ser uma só. Mentir”. É a primeira vez que ela vai votar.

Dona Raquel afirma que tirou o Título de Eleitor porque o documento é obrigatório, caso contrário, não faria questão de votar. “Do que vale a gente votar nos políticos se depois, quando eles ganham, não olham nem para cara dos pobres?”, questiona. Mesmo descrente da política e dos políticos, ela afirma que sempre escolheu seus representantes e nunca anulou o voto ou votou em branco porque não acha que isso seja uma boa idéia. Um dos critérios que utiliza para escolher um candidato é o fato dele já ter sido eleito outras vezes. “Se ele já foi candidato nos tempos passados, fez coisas boas para o povo e quer ganhar outra vez, eu voto”, diz. Assim como a estudante, a aposentada também não sabe e nunca teve interesse em saber o que cada candidato faz quando eleito. Para ela, não vale a pena se preocupar com esses detalhes. “A gente não ganha nada com isso”, diz. Como o voto é facultativo a partir dos 70 anos, Dona Raquel afirma que pela primeira vez, vai deixar de votar.

O acadêmico de ciências contábeis, Wilberson Alves da Silva, de 21 anos, garante que conhece a função de todos os cargos políticos e passou a se interessar pelo tema depois que entrou na faculdade e começou a ter aulas de contabilidade pública e direito tributário. “Minha visão era fechada. Eu apenas falava que os políticos roubam, que são tudo ladrões. Como a maioria das pessoas eu apenas falava, mas não conhecia o que eu pagava; nunca tinha ouvido falar de orçamento público ou até mesmo do que o governo sobrevive”, diz. Apesar de acreditar que o voto consciente e a participação ativa da sociedade podem ser o início de uma transformação política, Wilberson afirma que por mais que a sociedade tenha o direito de acompanhar, cobrar e opinar sobre as decisões que envolvem o poder público, nem sempre o que é apresentado corresponde a realidade; neste contexto, a falta de interesse aliada a falta de informações de caráter educacional, resultam na ausência de conhecimento político para julgar o que é certo ou errado.


Um exemplo disso são as assembléias de prestação de contas públicas onde o governo apresenta anualmente o resultado do que foi arrecado através dos impostos e o que foi gasto pelo estado, mostrando se houve saldo negativo ou positivo (déficit ou superávit) no período administrado. Embora esse tipo de serviço venha “vestido de democracia”, a fiscalização sobre o destino do dinheiro público deixa incertezas e inseguranças. “Não tem para onde correr; o ministro do Tribunal de Contas da União [órgão máximo fiscalizador] é eleito por políticos. Isso se chama Brasil”, diz. Para o acadêmico, a chave de toda causa política é a sociedade que tem o poder de decidir pelo futuro do país, mas a acomodação e a falta de interesse público transformam cidadãos em eleitores sem conhecimento para avaliar o cenário político atual, além disso, a falta de visão sobre o tema fazem dos políticos todos iguais e da política, um sistema sem qualquer perspectiva de mudança.


Por Elverson Cardozo e Renan Gonzaga