Jornalismo Online

Reportagens desenvolvidas pelos estudantes do curso de Jornalismo da UCDB.





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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Povo marcado, povo feliz, povo à espera de terra

Viver em função da espera de doze hectares de terra é a realidade de 137 famílias localizadas nos assentamentos da saída para Sidrolândia, na BR 162, em Campo Grande. Essas pessoas fazem parte da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (FETAGRI/MS) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MS). “Pra mim, que não tenho lugar de morar, aqui é um excelente lugar, não pago luz, não pago água, não pago aluguel. Moro com um filho e minha mulher, mas tenho mais quatro filhos em Campo Grande”, desabafa Antônio Aparecido de Matos, de 46 anos, líder desses assentamentos da FETAGRI há oito meses. Antônio está a quatro anos no mesmo assentamento, mas ao todo são 18 anos de acampado a espera de poucos hectares de terra.

A rotina de trabalho da maioria dos acampados é acordar às cinco horas da manhã e trabalhar em fazendas vizinhas. O trabalho normalmente é braçal ou com maquinários, e o salário médio é de 30 reais por diária. Quando não, alguns fazem plantações de milho e mandioca e vendem à beira da estrada; ou sobrevivem da aposentadoria. Para manter a associação e o líder em constante contato com autoridades, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), os assentados contribuem com dez reais mensais, se possível. E todo primeiro domingo do mês, as medidas e os avanços são discutidos na reunião com todas as famílias do acampamento.

O "esperar" de uma vida
Para Felisberto dos Reis Leonardo, de 73 anos e acampado do movimento FETAGRI há mais de três anos, morar no assentamento é um prazer. Pois trabalhou a vida inteira na lavoura e nunca gostou de cidade. Como não possui recursos para comprar a própria terra prefere viver em acampamentos, mesmo com seus onze filhos e a esposa em Campo Grande. “Apenas um filho mora comigo aqui, mas eu não largo da roça por nada, só depois que eu morrer. O meu prazer é trabalhar”, afirma Felisberto, que trocou a profissão de barbeiro, marceneiro e mecânico para viver acampado.

Esperar terra para colonizar os filhos é o objetivo maior de Felisberto, mas enquanto os hectares não saem o jeito é procurar uma maneira de sobreviver. “Minha rotina é trabalhar, catar milho, fazer algum serviço por aí, consertando as coisas, porque eu conserto tudo quanto é tranqueira. Esse é meu dilema, mas graças a Deus sou feliz aqui”, confessa. Para passar o tempo, Felisberto construiu uma máquina de lavar roupa, porque estava cansado de esfregar roupa na mão; além disso, fez um engenho para moer cana, mesmo porque, atrás do acampamento tem 600 hectares de cana plantados.

Já o líder do movimento CUT, que fica ao lado da FETAGRI, Severino Rodrigues da Silva, está a quatro anos na luta para conseguir terras também. “Nesse tempo que estou acampado aqui, a única ajuda que o governo nos deu foi a distribuição de sacolão, que normalmente é trimestral.. Ao todo, Severino coordena 122 famílias atualmente.
texto: Paula Maciulevicius e Tatyane Santinoni
revisão e edição: Leonardo Amorim
foto: Tatyane Santinoni
Leonardo Amorim
Paula Maciulevicius
Tatyane Santinoni

Galeria de Imagens - povo marcado, povo feliz.

é na margem da pobreza, que o brasileiro vê uma brechinha para a criatividade... o famoso "jeitinho brasileiro" de levar a vida... Mesmo quando ela se resume a esperar;












fotos: Tatyane Santinoni
edição de texto: Paula Maciulevicius
edição de imagens: Leonardo Amorim

terça-feira, 27 de abril de 2010

Galeria: Ensaio fotográfico Pantanal e making of: produção de moda















Publicado por: Rebeca de Arruda
Renata Volpe
Thierre Monaco

Moda – conceitos e sua relação com nosso estado

Há muito preconceito em relação à moda, em parte porque tem um caráter efêmero (muda sempre, e seu meio é a roupa) e porque ela tem a ver com a aparência, supostamente privilegiando o superficial.

Muitas vezes, a moda também é vista como algo feito para iludir, disfarçar ser alguém que, na verdade não se é. Quem a critica dessa forma certamente desconhece as implicações sociológicas e psicológicas da moda: coisas simples como sentir-se bem ao usar determinada roupa ou vulnerável vestindo outra.

Porém, a moda já deixou de ser sinônimo de futilidade e improvisação há muito tempo.
A palavra “moda” vem do latim modus, significa “modo”, “maneira”. É um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, histórico, social.

Aqui no Mato Grosso do Sul, no entanto, a moda até algum tempo atrás era algo pouco divulgado. Como se não fizesse parte do cotidiano do cidadão sul-mato-grossense, a não ser dos mais privilegiados que tinham condições de fazer viagens internacionais ou até mesmo viagens ao grande centro da moda no Brasil, São Paulo, e buscar nesses lugares tendências e referências de moda, que por aqui ainda não eram nem de longe conhecidas. Hoje, a situação é outra. Cada vez mais a população campograndense tem estudado e se atualizado, ficando a par do que acontece nos bastidores do mundo fashion.

Isso é facilmente notado ao sair à noite pela Capital Sul-mato-grossense. Quase tudo do que é tendência é visto nas ruas. Campo Grande já é uma cidade alternativa, que vive a moda como ela realmente é. Além do que,vários talentos estão se formando na Capital do Pantanal, mais um motivo para que a moda seja cada vez mais divulgada por aqui.

Mesmo longe do grande centro da moda no Brasil, Campo Grande já se mostrou competente no ramo e superou desafios. Entretanto, há ainda um que impera e impede muitos jovens talentos de se formarem e darem continuidade a seus trabalhos. O fato de ter pouco incentivo na Capital e pouca divulgação de trabalhos regionais faz com que talentos do Estado procurem outros lugares para se especializarem e e crescerem dentro do que fazem. Capitais como: Curtiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, são um dos cenários mais procurados pelos estudantes de moda que saem de Campo Grande buscando sucesso na carreira.

Jéssica Dizzy é natural de Corumbá, respira moda e tem muitas criações inspiradas no Pantanal. Jéssica é estudante de moda, mas percebeu que o cenário fashion do estado ainda não é dos melhores e em todas as vezes que tentou, não teve êxito. Hoje, ela mora em São Paulo, tem todo o suporte que precisa para o seu trabalho e divulga suas criações como produção de moda e o que ela mais gosta de fazer, ser estilista.

Aqui em Campo Grande a moda tem crescido, mas para novos estilistas ainda é difícil. Em Corumbá é mais complicado ainda. Em São Paulo a disputa é grande, mas o espaço e o acesso às grandes novidades é muito maior, o que facilita o estudo e, consequentemente a profissão. Uma marca estabelecida em São Paulo se faz sozinha, é totalmente diferente de alguém que tenta se lançar sozinho, sem base, em Campo Grande”, explicou a estudante.

Com todas as mudanças e grande desenvolvimento que o estado têm vivido, a moda pode vir a ser parte desse crescimento e se encaixar, talvez, como fonte de economia local. Afinal, com tantas belezas naturais que inspiram a criatividade dos artistas regionais e até os de fora, Mato Grosso do Sul deve ser um estado a ser incluído no cenário fashion nacional.

Especialistas em moda acreditam que ele tem tudo para isso, falta mesmo é incentivo por parte de autoridades da moda e autoridades locais. O que nos resta é esperar e acompanhar a moda ao passar nos anos e ver se há algo de pantaneiro nas tendências contemporâneas, ou não.




Texto de Rebeca de Arruda
com complementos de Thierre Monaco e Renata Volpe

Edição: Rebeca de Arruda