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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Infidelidade; um dos principais problemas dos relacionamentos

Em homenagem ao mês dos namorados, o Rádio Em Foco entrevistou a psicóloga Olga Simone Almeida de Paula Lima. Membro do programa de Ações à Saúde do Acadêmico (ASA) da UCDB, ela destaca que a busca pelo par perfeito ocorre na tentativa de ser feliz, no entanto, a psicóloga alerta que um dos principais problemas dos relacionamentos tem sido a infidelidade. Olga fala sobre a importância do resgate do romantismo e que os relacionamentos atuais estão mais dramáticos do que os de outras épocas. A entrevista foi concedida ao estudante de Jornalismo Ben-Hur Oliveira. Ouça a entrevista na íntegra.

Rádio Em Foco: Olga, os jovens estão à procura de um amor ou de um par perfeito?
Olga Lima:
O que nós temos percebido ultimamente é que a maioria dos jovens está em busca de aventuras, em um momento de curtição, querem viver a vida, não estão em um compromisso de relacionamento sério. A gente percebe que está numa busca de curtição, ainda nem se fala no amor perfeito. Nós temos entre os jovens aqueles mais amadurecidos, que estão um pouco mais desenvolvidos na sua caminhada, na sua formação, estes sim, já começam a fazer uma busca mais estruturada. Muitos deles em busca de um amor. Apesar deles terem dúvida se este amor vai chegar.

Rádio Em Foco: Professora, por que as pessoas estão sempre em busca do par perfeito?
Olga Lima:
Quando as pessoas pensam no amor, é óbvio que o par perfeito é uma condição que eles pensam, se eu amo de verdade, o par vai ser a condição primordial, perfeito. Por que eles estão buscando? É na verdade, a tentativa de ser feliz. O ser humano em si busca este complemento da convivência, ninguém nasceu para viver só e nesta tentativa de buscar o complemento, eles tentam buscar alguém muito igual a ele, alguém que pense mais ou menos semelhante, que goste das mesmas coisas que ele gosta, que respeite as suas opiniões e desejos, se gosta de balada igual a ele, se gosta das mesmas músicas, do esporte, do lazer. Na cabeça dos jovens, este sim constitui o indivíduo para formar o par perfeito.

Rádio Em Foco: No Ações à Saúde do Acadêmico, conhecido como ASA, existe uma procura grande dos jovens com dúvidas sobre relacionamento?
Olga Lima:
Lá no programa ASA, que é um programa de atendimento à saúde do acadêmico, nós atendemos todos os elementos e aspectos necessários que ele traga no seu campo emocional. Não há dúvida que entre os assuntos trabalhados também se discute, se traz as questões de relacionamento. Até porque quando o relacionamento não está bem entre os jovens, acaba afetando a aprendizagem. Nós temos sim, não só no ASA, mas também em outros locais, que a gente conversa e encontra os jovens, eles entrando em dificuldade de viver a sua vida em plenitude porque não estão conseguindo conciliar as relações afetivas. No ASA nós temos sim encontrado algumas pessoas com essas dificuldades, principalmente os relacionamentos que são rompidos, as traições que acontecem, a falta do diálogo e compreensão entre os paqueras, “ficantes”, namorados e até mesmo alguns que já são casados.

A infidelidade é um dos problemas mais sérios que a gente tem deparado na vida dos jovens hoje. O que a gente nota é que eles não conseguem conversar sobre este conflito, resolver esta questão, se perdoar, compreender a dificuldade do outro, ou o que foi levar o jovem buscar um novo relacionamento, a dar aquela escapadinha que eles acham natural. Natural para o homem, quando é para a mulher não é visto desta forma. Isto acaba trazendo conflitos quase imperdoáveis. Outra questão também que aparece muito são os desencontros e encontros fortuitos através dos programas que hoje a Internet nos permite, o MSN, os bate-papos, o uso também do orkut, estas descobertas que os jovens fazem, que eles se permitem, acaba gerando conflito entre eles.

Rádio Em Foco: O relacionamento a dois não é algo fácil. Existe alguma dica para fazer este relacionamento dar certo?
Olga Lima:
Por quê não é fácil relacionar a dois? Primeiro, nós vivemos em uma sociedade muito individualista. Nós sabemos que os jovens não escapam deste contexto social. Os jovens acabam querendo satisfazer as suas próprias necessidades, individualmente e quando buscam um parceiro, alguém para relacionar, eles acabam querendo que o outro realize o seus desejos, realize as suas vontades e o outro nem sempre está disponível. É preciso que haja um amadurecimento de ambas as partes, que haja uma descoberta de quem sou eu: "Quem eu sou? O que eu posso dar para outro? O que eu posso oferecer?". É importante lembrar que nós só estamos preparados para dar ao outro quando nós aprendemos a receber. Aí está o equilíbrio da relação. Eu dou quando eu também sei receber, eu sei receber quando eu estou pronto para dar. É nesta relação de troca que o relacionamento se completa.

Rádio Em Foco: Olga, qual a sua opinião sobre os relacionamentos atuais. Você acha que eles são mais românticos ou mais dramáticos do que costumavam ser?
Olga Lima:
Por conta desta individualidade que cada um está buscando, suprir em si mesmo, eu vejo que as relações são um pouco mais dramáticas. São poucas em que a gente percebe, o romantismo presente. Até porque na maioria dos que a gente conversa a respeito, eles vêem esta atitude como algo careta, ultrapassado. Hoje não tem mais aquele paquerar, aquele flertar, tentar conquistar a garota/garoto devagarzinho. Hoje é chegando e atacando, usando uma linguagem bem juvenil. Nesta pressa que o jovem tem hoje de conquistar a garota e já ir à luta, de conquistar todos os espaços até para marcar seu território, acaba perdendo o romantismo. A gente percebe que os jovens sentem que isto é bonito, que isto é legal, principalmente por parte da mulher. Mas não está sendo algo trabalhado, algo buscado, algo cultivado. Acho que isto está mais na cabeça dos nossos jovens como algo que nossos pais faziam. É uma pena porque toda mulher gosta de ganhar um buquê de rosas, ser cortejada, ser apresentada de uma forma muito carinhosa. E a gente percebe que isto está perdendo.

Fotos: estudante de Jornalismo, Maria Izabel Costa.
Entrevista editada pelo estudante de Jornalismo Ben-Hur Oliveira.
O programa Rádio Em Foco vai ao ar aos domingos, às 15h30, pela FM UCDB.

Ouça o Rádio Em Foco

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