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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nova cena musical CG


Novas caras e vozes estão aparecendo no cenário musical campograndense. Uma mudança sonora está acontecendo na Capital , que tem como principal marca a coletividade entre os jovens artistas.

Mergulhamos em território pantanoso atrás de peixe fresco. “Ó os Curimba chegando”, dizia André Stábile, vocalista, quando via um grupo de japoneses.A brincadeira deu nome a banda, Curimba, espécie de peixe de grande porte encontrada na região do Pantanal. Outro motivo pela escolha se deve ao fato de ser denominado de Curimba, na música sacra brasileira, quem toca atabaques. Eles se ligam no ritmo.

Seis integrantes, desses, quatro com ascendência japonesa e com uma sonoridade bem brasileira. Afinados no resgate da raiz com o contemporâneo, uma mistura à primeira vista curiosa e literal. Adrian Okumoto no baixo, Japão na bateria, Renan Okumoto violão, Carlixo na guitara, Chicá percussão e André, mais conhecido como Donha da Carvalho, nos vocais. Quando pisam no palco as mais diversas entidades sonoras se apresentam, num transe sinuoso que leva ao envolvimento banda e platéia, na melhor sintonia. Tudo vira influência para os Curimbas. O forte vem na música brasileira e em suas veias, se debruçam no samba, mas não apenas dele. Bossa Nova, funk, rap, tudo é bem-vindo, cada membro do grupo tem sua “viagem musical” e estilo, como o violão clássico. Curumin, Novos Baianos, cantoras nacionais, Jorge Ben Jor, Vinícius de Moraes, “tudo e qualquer coisa” afirmam.Contam com o acaso como parceiro para o ínicio da trajetória. André estava na cena musical da cidade há quatro anos, tinha como escola o rock n’ roll. Em um determinado momento se viu com outros desejos, a sede por novidade, um tempo para criar e foi aí que o amadurecimento na música começou. Com o amigo Carlos começaram a tocar suas próprias composições. Em 2008, no Festival América do Sul em Corumbá se juntam com Japão, num clima de intercâmbio e Jam Session com outros músicos.

Está fechado o trio. Passa um mês e Adrian, músico que já fazia um som na cidade, volta do Japão, chama o irmão Renan, dá um toque no primo Chicá e pronto, está formada a família. Um acaso certeiro. Trazem na bagagem umas 20 músicas autorais. Vieram com a comida para um público que estava sedento por trabalhos diferentes com criatividade e qualidade audível.
“Avisou”, “Serve um Tera”, “Buraco Negro”, “Prafrica”, “Só Saudade” entre outras, estão na página do grupo no site do Myspace. No repertório entram releituras de Martinho da Vila e Chico Buarque, na linda “Samba e Amor”. Usam todos meios para divulgação, shows, bares, Myspace, o site de relacionamento Orkut, no qual possuem comunidade da banda, amigos, no boca a boca, e vídeos no Youtube.

Como dificuldades apontam o “coronelismo” ainda existente na Capital. Muita burocracia e foco para a música comercial estão na lista de empecilhos, nas correntezas onde nadam esses Curimbas. “ Você faz uma festa, numa casa num bairro distante, com uma galera que faz um som diferente e lota de gente. Isso é muito bom, mostra que alguma coisa está acontecendo”. Aponta André. Acaso, naturalidade e com o tempo jogando a favor. Positividade em tudo.

Sob proteção de Jorge, vestem as roupas e as armas do santo guerreiro, que serviram corretamente para os meninos que miram sempre novas águas para espalhar sua arte.






Louva Dub

Nessa miscelânea de cores, timbres e estilos nos deparamos com o Dub. O “reggae remixado” segundo a enciclopédia livre da Web, que apareceu na Jamaica nos anos 60. Enfatizando as batidas de baixo e bateria, juntamente com variações eletrônicas que aplicados às letras inclui efeitos sonoros como trovões, relâmpagos, sirenes entre outros ruídos. Atualmente é considerado um estilo musical e tem saído a forra cada vez mais ganhando espaço. Um pouco complicado de entender? Sem problemas, é um som para ser sentido.Feche os olhos e deixe que o corpo sinta toda a energia.

Louva Dub, a turma encarregada por traduzir essa vertente em Campo Grande. Pesquisando sons, compondo e criando surgiram no ano de 2007 com uma proposta instrumental. Com a liberdade de mesclar vários ritmos, uma brincadeira que aos poucos vai assumindo aspecto real, e pelas ondas sonoras foi ao encontro de sua voz.

Lauren Cury dá alma e sensualidade para a fêmea sonhadora que leva as mensagens num canto doce e potente. “Ela sempre estava nos ensaios, acompanhando o namorado que toca com a gente, numa dessas visitas rolou dela fazer um vocal de uma música do Johnny Clark, daí acabou entrando para a banda”, descreve Daniel Costa, baixista do Louva. Com cara de garota, pele morena clara, olhos e cabelos castanhos, tatuagem nas costas, enormes óculos escuros, formada em moda e cursando artes visuais, disse que destilava seu canto aos poucos em versos da MPB e que “Simplesmente rolou o som com os meninos” justifica.

Letras autorais que falam sobre Deus, amor, vida e natureza, tudo muito original e sem deslizar em clichês. O quinteto tem na formação Daniel Costa, Jorge David, Gleyton Barbet, Gabriel Escalante e Lauren. Cada integrante traz sua referência, seus garimpos, “tudo se atualiza na hora” salienta Daniel. As versões de músicas de cantoras como Céu e Marisa Monte são escolhidas entre eles e ensaiadas, se aprovarem vai para o set list. Todos no palco dialogam entre si, poesias declamadas, sons de saxofone , instrumentos, vocais e performances. Tudo merece destaque nas apresentações ao vivo.

“Tem gente que olha e diz “que que é isso?”, e acaba se interessando. Temos tido um bom retorno do público” diz Daniel. Na opinião de Gabriel Escalante com seus enormes dreads looks, todo mundo consegue fazer música, o som está presente inconscientemente: “Música chama”,diz.
Procuram agora um resgate com a raiz brasileira, com mais apego do que a jamaicana. Se música tivesse uma forma, Lauren desvia o olhar, para pensar e manda “Espiral, não tem fim, sempre cresce e é infinito”.

Rockers

Outro projeto na capital morena leva o nome de Rockers, único Sound System de Mato Grosso do Sul. Quatro integrantes (Daniel Costa, Diego Manciba, Luis Angello e Thiago Silva) que formam equipes de som munidas de aparelhagem e Dj’s. Uma festa com muito dub, regaee, mensagem rasta e dancehall, um estilo dançante onde os dj’s cantam e produzem as próprias batidas com colagens de reggae ou recursos musicais originais. Sem preconceitos, proclamando o amor e boa música. Grandes nomes da cena viram mestres como Mad Professor, Fela Kuti, King Tubby, U-Roy, Gregory Isaacs, Scientist, Sly & Robbie entre outros.

Nas festas sempre que possível convidam músicos de outros Estados para se apresentarem e tornar cada vez mais conhecido o estilo. “Gente do mundo inteiro faz esse som, escutamos muita coisa, sempre tentando ser original”, afirma Daniel.

Comemoram um ano de baladas retrô jamaicana na cidade.
...

Nem só de violada vivem os ouvidos dos Campo Grandenses. Uma nova cena musical começa a mostrar sua cara, os jovens se voltam cada vez mais para a música brasileira, antiga e moderna com um toque individual de cada trabalho.Os frutos desse movimento estão começando a ficar maduros. Aliados ao coletivo, todos são amigos, onde tem um Curimba pode olhar novamente que vai ver junto um Haicai e um Louvador deve estar a caminho. Composições, viagens e até campeonatos de futebol acontecem nessa roda.Adrian Okumoto assume o posto de fotógrafo oficial, outros ajudam a criar os flyers e se encarregam de toda a divulgação entre os amigos e os meios eletrônicos.

Para o mês de dezembro está previsto o lançamento em separado dos CDs das três bandas.

E se qualquer lugar é lugar para os hermanos fazerem música, que a sorte e a força musical que carregam estejam sempre presentes.Agora é hora e a vez dessa gente “muito boa”.


( Louvadub)



Reportagem: Júlia de Miranda, Juliana Morais e Wanessa Derzi

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