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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Entrevista - Fiscalização e Segurança



O Major da Companhia Independente de Polícia de Trânsito (Ciptran), Edmilson Lopes da Cunha, trabalha há 18 anos na Polícia Militar e sempre atuou na área de policiamento do trânsito. Como comandante da Companhia desde julho de 2007, Edmilson fala sobre a importância da fiscalização e da segurança no trânsito. Para o Major, o comportamento adequado dos condutores e a presença de policiais nas ruas são fatores fundamentais para a redução do número de acidentes.

EM FOCO: Como é feita a fiscalização e a segurança no trânsito de Campo Grande?
Edmilson: A fiscalização é feita pela Polícia Militar através de convênio com os órgãos de trânsito, na verdade nós não temos competência para fiscalização de trânsito, nós fazemos somente o policiamento de trânsito. O Departamento Estadual de Trânsito (Detran), autoridade de trânsito no Estado, e a Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Campo Grande (Agetran), autoridade de trânsito no município, delegam para a Polícia Militar a competência pra fiscalizar. O que é fiscalizar? É o poder de verificar o cumprimento das regras de Trânsito, através das Leis de Trânsito e o poder de aplicar multas.

No dia-a-dia, esse trabalho é desenvolvido através de prevenção que nós fazemos com os motociclistas, com a presença deles em entrada e saída de colégios. Temos as viaturas que trabalham diuturnamente em atendimentos de acidentes de trânsito e também na prevenção e temos o trabalho de fiscalização de pesquisa, que é feito pelos motociclistas normalmente na parte da tarde, nos finais de semana, à noite, que faz o trabalho de fiscalizar, que é fazer o cumprimento das leis de trânsito, visando principalmente combater a embriaguez, rachas, manobras perigosas.

Com essa nova remessa de policiais, temos o policiamento ostensivo a pé, que tem a presença do policial de trânsito que faz o controle do trânsito, que auxilia, orienta a população. A gente coloca estes policiais em alguns cruzamentos críticos, principalmente na área central.

EM FOCO: A presença do policial no trânsito influencia na redução de acidentes?
Edmilson: Influencia decisivamente, na verdade diria que, a maioria das ações ocorrem na direção do veículo, ou seja, é o comportamento, a atitude do motorista na direção, que são as principais causas das infrações. Infração do tipo, avanço de sinal, estacionamento em locais proibidos, dirigir falando ao telefone celular, excesso de velocidade, conversão; o nosso trabalho é muito focado nesses tipos de infrações.

Quando você tem a presença de policias na rua, já inibe aquele condutor de cometer determinada infração. Ao inibir essas condutas de risco no trânsito, você contribui para que haja uma redução de acidentes.

EM FOCO: Quais os locais mais críticos no trânsito de Campo Grande?
Edmilson: Temos muitos locais críticos. Campo Grande é uma cidade que cresceu muito nos últimos anos, aumentaram os números de bairros e bairros distribuídos por toda cidade. Então nós temos subcentros urbanos, como bairros afastados, bairro das Moreninhas, bairro Coophavilla II, Novos Estados, e fazem com que haja um número muito grande de veículos circulando pelos corredores principais que ligam esses bairros a área central.

Esses corredores de trânsito são os principais locais onde ocorrem acidentes e também a área central, que concentram a maior parte desses veículos no horário comercial. Por exemplo: as ruas que ligam as avenidas, como as Avenidas Guri Marques, Marechal Deodoro, Júlio de Castilho, Coronel Antonino e os corredores centrais, Avenidas Ceará, Zahran, Mato Grosso, Afonso Pena.

Todos esses são locais que têm números elevados de acidentes e que normalmente a gente busca fazer a fiscalização nesses locais, colocando policial nos cruzamentos dessas vias e na área central, para minimizar e reduzir os números de acidentes.

EM FOCO: O senhor tem uma média de quantas multas ocorrem por dia na Capital e quais os resultados obtidos através da atuação da blitz?
Edmilson: Olha, a nossa média depende muito dos finais de semana e nos dias de semana que nós fazemos blitze. Normalmente ocorrem de 30 a 40 autuações por blitz, mais decorrentes do trabalho diário. Em torno de 50 multas são feitas pelo policiamento. Quando tem alguma operação especifica esse número aumenta.

EM FOCO: A Blitz exerce função de penalidade ou educativa? Dentre as duas funções, qual destas é mais presente?
Edmilson: A gente compreende que ela atende as duas funções, tanto a educativa, quanto a punitiva, porque no momento em que nós abordamos um condutor que está cometendo uma infração, muitas vezes não só é uma infração, são várias infrações. É comum a gente parar um veículo e constatar duas, três infrações. Então normalmente a nossa orientação é para que sejam autuadas aquelas infrações mais graves, normalmente é infração gravíssima, grave, orientamos muito sobre as situações médias e leves, a gente orienta, adverte, educa e também a gente aplica a lei de acordo com as previsões, fazendo a multa, removendo o veículo.

Esse trabalho tem efeito educativo posteriormente porque muitos, infelizmente, não se convencem apenas com o trabalho de orientação, de educação, eles precisam realmente ser coagidos a ter uma postura correta no trânsito.

EM FOCO: Sobre a fiscalização eletrônica, que foi testada pela primeira vez em Campo Grande, no ano de 2007 e que agora voltou a atuar; por que ficou esse período sem a atuação e qual o maior objetivo dessa operação?
Edmilson: Especificamente esse trabalho que é feito com esse carro, tem um leitor, que faz as leituras das placas e aponta qual veiculo está com débito, referente a licenciamento, IPVA, busca apreensão, furto e roubo.

Na verdade, essa é um tipo de fiscalização eletrônica, não é a única. Esse trabalho foi feito em 2007 em caráter experimental, estavam ainda analisando, estudando a capacidade do equipamento do veículo, para uma possível aquisição no Estado. Então foi feito como um teste em 2007.

Agora em 2009, ao que parece o Estado está fazendo a aquisição desses veículos e tem um atuando aqui em Campo Grande e outro em Dourados, fazendo esse trabalho de leituras de placas, para que na fiscalização sejam abordados apenas os proprietários ou condutores de veículos que estão em situação irregular.

EM FOCO: Esse tipo de fiscalização eletrônica, só tem aqui em Campo Grande e Dourados ou tem em outros Estados?
Edmilson: Com esse veículo, apenas aqui. Agora só esclarecendo que a fiscalização eletrônica não ocorre só nesse tipo. Os radares, as lombadas eletrônicas; todos são equipamentos que fazem a fiscalização eletrônica.

EM FOCO: Qual o balanço que o senhor faz em relação ao trânsito de Campo Grande nesses anos de trabalho no trânsito?
Edmilson: A gente tem uma imagem, uma conclusão que o nosso trânsito é bastante problemático e esse problema na verdade não se dá em razão de fatores do tipo: engenharia, falta de fiscalização, falta de educação, ele se dá mais em razão do comportamento e da atitude dos condutores.

Nós temos uma cidade relativamente bem planejada, não temos um trânsito congestionado, truncado, apenas nos horários de picos, que também são somente naqueles horários de entrada e saída de trabalho. Nós temos ruas bem espaçosas, avenidas largas, que facilitam o fluxo dos veículos.

Na verdade, são fatores que deveriam estar contribuindo com o trânsito no nosso Estado e não é isso que acontece, porque os condutores fazem mau uso das vias públicas que são colocadas à disposição deles, abusando da velocidade, desrespeitando as regras básicas de sinalização, bebendo e dirigindo, então por isso o número elevado de acidentes.

A gente precisa trabalhar essa questão da postura, à base de muita fiscalização, de muito rigor na fiscalização e nas punições, para poder corrigir esse quadro que apresenta hoje e trabalhar nas gerações futuras com uma educação preventiva, educação forte, desde o ensino fundamental, ensino médio, superior, tratando essa questão do trânsito.


Entrevista: Evillyn Regis

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